sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te
 fazer compreender que não é assim, que tenho um medo 
cada vez maior do que vou sentindo em todos esses 
meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então 
me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo 
conhecer as regras, me deixo tomar inteiro por tuas
 estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que
 não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um 
osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando
 entre as palavras e os pratos vazios (…) Tornarei sempre 
a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm 
alimentado ao longo deste tempo, e choro sempre
 quando os dias terminam porque sei que não nos 
procuraremos pelas noites, quando o meu perigo aumenta."

Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.

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